Armen Mamigonian

 

 

Armen em Janeiro de 2005, em São Paulo, festa da livre docência.  Clic para ampliar!

                                    Textos do Armen

Armen em Janeiro de 2005, em São Paulo, festa da livre docência.  Clic para ampliar!

01

Qual o futuro da América Latina?

02

Teorias Sobre a Industrialização Brasileira

03

A Escola Francesa de Geografia e o papel de A. Cholley

04

Ciclos econômicos e organização do espaço

05

Neoliberalismo  x  Projeto Nacional do Mundo e no Brasil

06

A geografia e “A formação social como teoria e como método

07

Visão geográfica do Brasil atual: Estado, crises e desenvolvimento regional

 

 

 

 

 

Breve Biografia:

Armen Mamigonian nasceu em São Paulo, capital, em 25 de abril de 1935. Filho de Oharez e Esther Mamigonian morou prolongadamente em São Paulo-SP, Campo Grande-MS, Florianópolis-SC e Presidente Prudente-SP. Estudou primário e parte do secundário em Campo Grande, concluído em São Paulo (Mackenzie) e cursou Geografia e História na USP (1953-56), onde realizou especialização em geografia (1957-59). Fez doutorado (1960-62 Estudo geográfico das indústrias de Blumenau, publicado pela Revista Brasileira de Geografia, IBGE, 1965.), pós-doutorado (1984) na França e mais tarde defendeu sua livre docência na USP em janeiro 2005. Foi eleito presidente da AGB em 1979 em São Paulo, na histórica Assembléia Geral da democratização e renovação da AGB.

Durante vários anos depois de formado me considerei aprendiz de geógrafo, tendo chegado à condição “adulta” em função;

 

1) Do magistério em geografia humana na antiga faculdade Catarinense de Filosofia, onde comecei em 1958,

2) Do doutoramento em Fitrasburgo, concluído em 1962 e

3) Da experiência nos trabalhos de campo durante as reuniões anuais da Associação dos Geógrafos Brasileiros – AGB, culminando com a direção da equipe de estudos urbanos, na reunião de Blumenau, em 1966.

 

O INTERESSE PELA GEOGRAFIA

 

Antes de cursar o primário seu interesse foi despertado por um minucioso mapa da Europa pregado na parede da sala de jantar, na qual seu pai acompanhava a Segunda Guerra Mundial. Nele descobriu que Portugal ficava na Europa, coisa que não podia entender, pois Campo Grande se falava de Portugal com tanta familiaridade, que para mim esse país tinha que estar geograficamente próximo do Brasil.

Disse Armen no memorial da Livre Docência; Ficava horas vendo o mapa, descobrindo a localização dos países, rios, cidades, etc. Logo depois, descobri na biblioteca municipal os atlas geográficos, enciclopédias e livros e passei também a me interessar pela história. Meus professores de geografia e história no ginásio e colégio foram muitos bons e até hoje não me esqueci de suas aulas.”

 

GEOGRAFIA E HISTÓRIA E O AMBIENTE DA FFCL (1953-58)

Para Armem, o curso de Geografia e História teve a vantagem de permitir o contato inicial com disciplinas muito diversificadas, ministradas por professores de alto nível: Antropologia (E. Schaden), Geologia (V. Leinz), Geomorfologia ( Aziz Ab’Sáber), História do Brasil ( S. Buarque de Holanda), etc., além da possibilidade de assistir palestras de professores visitantes ( P. Monbeig, V. Magalhães Godinho, M. Sorre, P. George, etc.), assim como defesas de doutoramento (Aziz Ab’Sáber, Antonio Candido, etc.)

“Nem todos os professores eram estimulantes e nem todas as necessidades estavam suficientemente atendidas. Assim, ajudei a fundar e fui o primeiro presidente do Centro de Estudos Capistrano de Abreu, que promovia em comum acordo com os professores, mais dinâmicos, excursões e trabalhos de campo em Santos, Hu, Ribeirão Preto, Belo Horizonte. Em 1954 participei, pela primeira vez, da assembléia anual da AGB (Ribeirão Preto), integrando a equipe dirigida pelo geógrafo alemã radicado em Curitiba, R’Maack, tendo acompanhado durante três dias as pesquisas de geomorfologia, ao longo de um itinerário de 150 quilômetros. Ao final de cada dia de trabalho os participantes se sentavam e cotejavam os dados referentes às distâncias, altitudes, rochas encontradas em cada parada, seus mergulhos e direções, com aos quais desconchavam perfis geológico/geomorfológicos e assim passei a entender como “nasciam” os blocos geomorfológicos que tanto me impressionavam nos livros. Naquela época o maior dinamismo dos professores de geografia em relação aos de história, acabava atraindo a maioria dos alunos.”

 

Concluída a graduação, se especializou em Geografia e fez concurso no magistério secundário de São Paulo (1957), tendo lecionado no interior do Estado no colégio estadual e Escola Normal José Alves Mira, em Dois Córregos - SP. A convite do professor João Dias da Silveira, que havia organizado o Departamento de Geografia da antiga FCF, começou a lecionar geografia humana em Florianópolis-SC em agosto de 1958 e ao mesmo tempo iniciou suas pesquisas:

 

Primeiros trabalhos:

1)   “Estudo de uma quadra antiga da cidade de Florianópolis”, apresentado na assembléia da AGB, em Viçosa-1959, publicado nos anais; fui encarregado do estudo de dois “patrimônios reais”, na equipe dirigida pela profª E. Keller.

2)  “Estudo geográfico de Brusque-SC, apresentado na AGB de Mossoró-RN (1960), publicado no boletim Carioca de Geografia, ano 13, 1960 e apresentado como dissertação de especialização em Geografia-USP: fui encarregado do estudo das indústrias da cidade de Mossoró, na equipe dirigida pelo prof. M. Santos.

3)  Capitulo “Habitat” (mapas e textos), do Atlas geográfico de Santa Catarina, dirigido pelo profº A Figueiredo Monteiro, publicado pelo DEGC/CNG, Florianópolis, 1960.

 

AGB e suas assembléias anuais:

1)   Poços de Caldas-MG, em 1964, onde apresentou a comunicação “Metodologia da Geografia industrial, publicada nos anais e dirigiu o levantamento das indústrias na equipe urbana”;

2)   Rio de Janeiro, em 1965, apresentou como membro convidado, comunicação ao simpósio de geografia das indústrias: “Localização industrial no Brasil: metodologia e exemplos” (Boletim Paulista de Geografia, nº. 5) e comunicação ao simpósio de geografia regional: “organização urbana do Vale do Itajaí”, publicada nos anais.

3)  Blumenau, em 1966, tendo sido elevado à condição de sócio efetivo da AGB, dirigiu a equipe “Função regional de Blumenau” (relatório mimeografado).

Neste período de batismo profissional (1958-1966), tendo em vista o significado do processo de industrialização no Brasil, acabou optando pelos estudos geográficos das indústrias e seus estudos permitiram a definição de características regionais específicas do processo industrial e urbano (rede de cidades) e contribuído para o debate que então se travava para a definição de características do sul do Brasil (A Barros Castro, P. Singer, etc.).

 

A EXPERIÊNCIA NA AGB E A RENOVAÇÃO DA GEOGRAFIA

Participou de várias assembléias da AGB como aluno de graduação (Ribeirão Preto – 1954) e aprendiz de geógrafo (Santa Maria-RS, 1958; Viçosa-MG, 1959; Mossoró_RN, 1960; Poços de Caldas-MG, 1964; Rio de Janeiro, 1965; Blumenau-SC, 1966). Naquela época os encontros anuais da AGB desempenhavam papel fundamental, pois eram mais produtivos e democráticos que os cursos de geografia existentes nas universidades e realizava treinamentos de campo e debates de comunicações e relatórios de pesquisas in-loco e constituíam a verdadeira pós-graduação então existente no Brasil. Assistiu e depois participou de debates, freqüentemente duros, estimulantes e francos que envolveram J. Dias da Silveira, Aziz AB’Sáber, M. Correa de Andrade, L. Bernardes, J. Ribeiro de Araújo ., Rua Lobato Corrêa, etc. Dado o dinamismo da AGB, continuei levando ao seu fórum de debates minhas pesquisas:

1)     Franca-SP, em 1967, na equipe da profª M. Mesquita, foi responsável pelo estudo das indústrias de calçados e apresentou, como membro convidado da mesa redonda sobre organização regional do Brasil, a comunicação “Rede urbana de Santa Catarina”, publicada na revista Orientação, USP, nº 2, 1966;

2)    Montes Claros-MG, em 1968, apresentou as comunicações “Energia elétrica em santa Catarina”, publicada no Boletim do Dep. Geografia da FFCL de Presidente Prudente, nº 4, 1974 e “Relações cidade-campo em santa Catarina”, publicada nos anais;

3)    Vitória-ES, em 1969, participou da equipe do professor Roberto Lobato Corrêa, tendo sido responsável pelo estudo das indústrias da Grande Vitória e apresentou a comunicação “Tendência recentes das indústrias em Santa Catarina”, publicada nos anais.

A reforma estatutária de 1970 não enfrentou problemas e assim no 1º Encontro Nacional de Geógrafos, em Presidente Prudente-SP, quando os quantitativistas do IBGE e de Rio Claro-SP apresentaram inúmeras comunicações discutíveis, os mandarins da USP preferiram se abster. Mesmo assim, a AGB continuou a desempenhar seu papel de trocas de experiências e o Armem continuou a apresentar suas pesquisas nas reuniões bi-anuais:

A crise da AGB manifestou-se mais agudamente no 4º ENG em 1978 em Fortaleza, de onde saiu deliberação para realizar em 1979 em São Paulo, Assembléia Geral para mudanças dos estatutos. Nesse Assembléia foi aprovada basicamente a proposta do núcleo de Presidente Prudente, onde o Armen foi eleito presidente da entidade, com a incumbência de iniciar a implantação da nova estrutura da AGB, que passa desde então por fase de efervescência cultural bastante rica.

 

Apresentou ainda comunicações nos seguintes encontros nacionais:

1)   Porto alegre-RS (6º ENG), 1982, “Tecnologia e desenvolvimento desigual no centro do sistema capitalista”, publicada na revista C. Humanas-UFSC, nº 2, 1982 e com modificações em Interfaces, IBILCE-UNESP, 1982,

2)  Campo Grande-MS (8º ENG), 1986, “Industrialização da América Latina, o caso brasileiro”, publicado em Orientação-USP, nº 8, 1988 e em resumo nos anais.

Tendo vivenciado a AGB desde 1954, Armem tem se aproveitado muito dela como escola de sua própria formação, vem contribuindo muito para formação e o fortalecimento da AGB. Principalmente nas assembléias após 1965-66 para a formação de novos geógrafos e ter participado nas transformações recentes, como sua contribuição no Manifesto do 6º Congresso Brasileiro de Geógrafos em julho de 2004 em Goiânia na UFG, ajudando na sua renovação em direção a uma geografia pluralista.

 

ORIENTAÇÃO DE NOVOS PESQUISADORES

Desde 1970 em Presidente Prudente, Florianópolis e São Paulo, vem orientando novos pesquisadores na área de geografia industrial e comercial em particular e na geografia econômica em geral.

Escreveu dezenas artigos e nos últimos anos de pesquisa dedica-se a questões da epistemologia da Geografia Industrial. Sua linha de pesquisa atual é: " O Parque Industrial Brasileiro: reconversões estruturais (São Paulo e Santa Catarina)".

 

 

Breve Bibliografia:

 

MAMIGONIAN, A. BPG nº 50. O processo de industrialização em São Paulo. São Paulo: AGB-SP, 1976, p. 83-102.

MAMIGONIAN, A. Marxismo e “Globalização”: As origens da Internacionalização Mundial. In: SOUZA, Álvaro José de et. all (org.). Milton Santos Cidadania e Globalização. Bauru: Saraiva, 2000. P. 95-100.

MAMIGONIAN, A. Cadernos Geográficos nº. 2. Teorias Sobre a Industrialização Brasileira. Florianópolis: EDUFSC, 2000.

MAMIGONIAN, A. Cadernos Geográficos n 6. A Escola Francesa de Geografia e o papel de A. Cholley. Florianópolis: EDUFSC, 2003.

MAMIGONIAN, A.: Geosul nº 3. Introdução ao pensamento de I. Rangel, Florianópolis: Editora da UFSC, 1985.

MAMIGONIAN A. Geosul nº 28: Gênese e objeto da Geografia: passado e presente. Florianópolis: Editora da UFSC, 1999, p.167-170.

MAMIGONIAN A. Geosul nº 28: Tendências atuais da Geografia. Florianópolis: Editora da UFSC, 1999, p.171-178.

MAMIGONIAN A. Revista de Geografia (UNESP). Crise Econômica, Crise Mundial e a Questão Tecnológica. São Paulo: Ed. Unesp, 1991, p. 107-109.

MAMIGONIAN, A. Kondratieff, Ciclos Médios e Organização do Espaço. In: Geosul, Florianópolis: v. 14, n.º 28, p. 152-157, jul./dez. 1999.

MAMIGONIAN, A. Ciclos econômicos e organização do espaço. São Paulo: USP, 1993. Fotocopiado.

MAMIGONIAN, A. Ciência Geográfica Volume X nº2. O Enigma Brasileiro Atual: Lula será devorado? Bauru: AGB, 2004, p. 127-131.

MAMIGONIAN, A. Revista Paranaense de Geografia, Ano VI nº. 6. Neoliberalismo x Projeto Nacional do Mundo e no Brasil.  Curitiba: AGB, 2001, p. 15-23.

MAMIGONIAN, A. CENEGRI Ano I nº. 1. Imperialismo, universidade e pensamento crítico. Rio de Janeiro: CENEGRI, 2004, p. 1-8.

MAMIGONIAN, A. Marxismo e Globalização: as origens da Internacionalização mundial. São Paulo: 1991. Fotocopiado.

MAMIGONIAN, A. Revista da ADUSP n.º 18. Neodarwinismo social e múltiplas tensões no capitalismo em crise. São Paulo: Edusp, out. de 1999.

MAMIGONIAN, A. Qual o futuro da América Latina? Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina – 20 a 26 de março de 2005 – Universidade de São Paulo

MAMIGONIAN, A. A geografia e “A formação social como teoria e como método”. Texto apresentado no Seminário Internacional: O Mundo do cidadão Um Cidadão do Mundo. Na USP em setembro de 1996.

 

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