Luta de Classes e
Luta Política*
Karl Marx
A grande indústria aglomera num mesmo local uma multidão
de pessoas que não se conhecem. A concorrência divide
os seus interesses. Mas a manutenção do salário, este interesse comum que têm
contra o seu patrão, os reúne num mesmo pensamento de resistência - coalizão. A
coalizão, pois, tem sempre um duplo objetivo: fazer cessar entre elas a concorrência, para poder fazer uma concorrência geral ao
capitalista. Se o primeiro objetivo da resistência é apenas a
manutenção do salário, à medida que os capitalistas, por seu turno, se reúnem
em um mesmo pensamento de repressão, as coalizões, inicialmente isoladas,
agrupam-se e, em face do capital sempre reunido, a manutenção da associação
torna-se para elas mais importante que a manutenção do salário. [...]
Nessa luta - verdadeira guerra civil -, reúnem-se e se desenvolvem todos os
elementos necessários a uma batalha futura. Uma vez chegada a esse ponto, a
associação adquire um caráter político.
As condições econômicas, inicialmente, transformaram a
massa do país
[...]Uma classe oprimida é a condição vital de toda
sociedade fundada no antagonismo entre classes. A libertação da classe oprimida
implica, pois, necessariamente, a criação de uma sociedade nova. Pra que a
classe oprimida possa libertar-se, é preciso que os poderes produtivos já
adquiridos e as relações sociais existentes não possam mais existir uns ao lados de outras. De todos os instrumentos de produção, o
maior poder produtivo é a classe revolucionária mesma. A organização dos
elementos revolucionários como classe supõe a existência de todas as forças
produtivas que poderiam se engendrar no seio da sociedade antiga.
Isso significa que, após a ruína da velha sociedade,
haverá uma nova dominação de classe, resumindo-se eu um novo poder político?
Não. A condição da libertação da classe laboriosa é a abolição de toda classe,
assim como a condição da libertação do terceiro estado, da ordem burguesa, foi a abolição de todos os estados [aqui, estado significa as
ordens da sociedade feudal] e de todas as ordens.
A classe laboriosa substituirá, no curso do seu
desenvolvimento, a antiga sociedade civil por uma associação que excluirá as
classes e seu antagonismo, e não haverá mais poder político propriamente dito,
já que o poder político é o resumo oficial do antagonismo na sociedade civil.
Entretanto, o antagonismo entre o proletariado e a
burguesia é uma luta de uma classe contra outra, luta que, levada à sua
expressão mais alta, é uma revolução total. [...] Não se diga que o movimento
social exclui o movimento político. Não há, jamais, movimento político que não
seja, ao mesmo tempo, social.
Somente numa ordem de coisas em que não existam mais classes e antagonismos entre classes as evoluções sociais deixarão de ser revoluções políticas. Até lá, às vésperas de cada reorganização geral da sociedade, a última palavra da ciência social será sempre: "O combate ou a morte: a luta sanguinária ou nada. É assim que a questão está irresistivelmente posta".
* Transcrito de Marxists Internet Archive, em janeiro 2005.
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1ª Edição: (?)
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Origem da presente transcrição: (?)
Transcrição de: cedida por "O Vermelho" para Marxists
Internet Archive, 2004
HTML por José Braz para Marxists
Internet Archive, 2004.