REFLEXÕES DOLORIDAS*

(PODERIA SER CÔMICO SE NÃO FOSSE TRÁGICO)

 

 

 

Zeno Soares Crocetti

 

 

 

Desde o século XVI, com Maquiavel, os fins justificam os meios.

É preciso denunciar o caráter repressivo e autoritário do diretor e do colegiado do Colégio Marista Santa Maria.

Eles objetivam formar incompetentes sociais e políticos realizando a educação o que Taylor realizou com o trabalho, ou seja, parcelar, fragmentar, limitar o conhecimento e impedir o pensamento a fim de bloquear toda a tentativa concreta de mudança.

Isso ficou mas do que constatado no fim do ano passado, quando começou uma verdadeira “caça as bruxas”, isto é, demitiram-se da escola professores comprometidos com a educação integral, pois esses professores buscavam, com os alunos, uma compreensão de si e da realidade como algo o objetivo da educação plena, que é, despertar a consciência do aluno, não no sentido de fazer um revoltado mas, ao contrário, fazer do aluno um cidadão pleno nos seus direitos, ligado à comunidade a que pertence.

Agora a direção está livre para colocar em prática a “educação tartaruga”, aquela que recolhe a cabeça para dentro da casa e anula, assim, todos os sentidos, escondendo-se, fechando-se para seu mundo.  Nada ameaçar, passa a ensinar o espírito da covardia e do medo, formando o homem para ser obediente, servil, pacífico, incompetente a fim de depositar todas as suas esperanças num Messias.

Dessa forma a direção da escola conservadora faz uma administração complexa, resistindo às mudanças, pois todo aquele que pretender mudar é visto como desordeiro agressivo e agitador.

Para se manter encastelados no poder, determinado os rumos retrógrados na educação, a “cúpula” cede um pouco o poder aos “oportunistas” garantindo assim sua sujeição e subserviência, dando a impressão de que eles podem influir.

 

Curitiba, 27 de dezembro de 1989.

 

 

*De um professor marista demitido por telegrama.

Publicado no Jornal do SINPROPAR, Curitiba, dezembro de 1989.

 

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